quarta-feira, setembro 27, 2006
ALDINA DUARTE
(Fado)
17 Nov. 6ªFeira
CULTURGEST
Eu quero a alegria profunda que nos ampara para a frente ou para trás conforme o que houver por fazer ou refazer.
Em pequena sonhei com uma casa grande, depois de crescida, encontrei a casa à minha medida, quando sozinha e, noutras alturas, na companhia dos poucos que muito amo.
A repetição de tudo o que é intrinsecamente verdadeiro torna-se sabedoria e, por isso, amor maior... quero repetir-me em liberdade e convicção, quero a repetição dos silêncios alheios que me cabe cantar, porque essa é a minha função, quero repetir todas as palavras, a música das palavras é o seu sentido quando enviadas e recebidas por alguém, quero um tempo onde a leitura e o pão vivem na mesma casa, as crianças dançam e os amigos se encontram para descobrir músicas e onde, sem preconceitos, todos se juntam na construção dum mundo mais digno para qualquer forma de vida, fazendo e aprendendo o que for necessário.
Volto à Culturgest convidada de Miguel Lobo Antunes, volto a estar numa encenação do Jorge Silva Melo, volto a cantar originais nunca gravados do João Monge, volto a estar com o José Manuel Neto e com o Carlos Proença, volto a cantar só músicas de fados tradicionais com letras criadas para e por mim... e o que está para acontecer e não sei ainda.
Regresso ao amor e à esperança necessária e ao prazer possível neste mundo estranhamente cruel em que estamos a viver. Volto para quem me espera, porque as coisas verdadeiras são para toda a vida e não precisam de justificações!
Aldina Duarte
OS VASKOV NO ACQUA
sexta-feira, setembro 22, 2006
MITIGAR CAMPOS DE ARROZ
mitigar campos de arroz
em chamas
como quem faz
nichos no horizonte indisponível
trazer enfim a fonte do alecrim
aos molhos para dentro
jazer como quem parte do pé da laranjeira e
corre discorre
por fora da direcção do vento
encontrar nesse caminho outro sustento
já diferente do amado pão
uma fome que é mais de asas que de vinha
ai
porque será que o sonho lindo é que é
verdade
todavia o sol que sempre nasce sem vontade
da lua que há em si
quem dera fosse a vida enfim
o que é e
todavia a sombra luminosa
dessa vida tão sem luz que nos parece
estar
já basta de quem dera então
olhemos fundo
faço aqui eu um ai ainda mais profundo
afogo-me nele até se assim ele beija
erga-se bem alto o meu pranto defunto
que o fado é um combate e é sem fundo
e o amor do destino é uma bandeira
jaime vehuel
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